O EREMITA E O LÁPIS MÁGICO
Numa casinha situada no sopé de um monte,
vivia um velhinho que os habitantes da aldeia chamavam de eremita.
Na aldeia ninguém sabia ao certo qual a
história que existia à volta do velhinho. Apenas sabiam que quando a aldeia se
formou, já ele vivia naquela casinha junto ao monte.
O velhinho não fazia mal a ninguém, mas
não havia na aldeia, habitante que alguma vez o tivesse visitado.
Quando as crianças faziam algo que os
adultos não gostavam, logo ameaçavam dizendo:
-Se
te portas mal, o eremita leva-te para a montanha.
Na aldeia,
vivia um menino órfão, muito pobre. Os pais do menino tinham morrido não
acidente, quando ele tinha 7 anos de idade.
Desde essa altura, o menino para
sobreviver, fazia pequenos serviços em troca de comida. As pessoas da aldeia de
vez em quando, também lhe davam roupas velhas, que o menino vestia como se
fossem novas.
Um dia, o eremita foi à aldeia fazer umas
compras e quando voltava para a sua cabana no sopé do monte, escorregou e
magoou um pé.
Ninguém na aldeia o ajudou. O eremita
estava aflito para se levantar, pois o pé doía-lhe muito.
Nesse momento, o menino pobre aproximou-se
do velhinho e deu-lhe a mão, ajudando-o a levantar. Como o velhinho estava
ferido, o menino pegou no saco das compras, deu a mão ao eremita e acompanhou-o
até a sua cabana.
Na aldeia, todos ficaram admirados com a
coragem do menino, pois embora tivessem pena do velhinho, o medo que sentiam
dele era mais forte. E por isso, ninguém o ajudava.
Quando chegaram à cabana da montanha, o
eremita agradeceu ao menino dizendo:
- Obrigado rapaz! Eu não faço mal a
ninguém, não sei qual a razão de todos terem medo de mim! Talvez seja por eu
ser já muito velho!
E continuou:
-Tu não tiveste. E ajudaste-me, quando eu
mais precisava e por isso eu vou-te recompensar.
O menino respondeu:
-
Mas eu não fiz nada de mais, apenas o ajudei porque vi que o senhor estava
ferido. Eu sei que o senhor não é mau, pois quando venho à montanha para
apanhar frutos silvestres, vejo-o sempre a trabalhar na sua horta!
O eremita conhecia o menino, mas fingiu
que não sabia nada sobre dele e perguntou:
-
Quem é a tua família?
O menino muito triste disse que não tinha
ninguém. Que vivia sozinho.
O eremita ouviu e disse:
- Então somos parecidos! Eu também não
tenho ninguém mas nunca fico sozinho.
O menino admirado perguntou:
-
Como assim?
E o eremita contou a sua história.
Pegou num lápis e disse:
-
Há muitos anos, apareceu por cá um anão que tinha fome e pediu-me de
comer. Fiz-lhe um belo almoço e convidei-o a ficar comigo o tempo que quisesse.
O Anão ficou apenas o tempo necessário para comer e depois do almoço, deu-me
este lápis e disse:
- Obrigado pelo belo almoço que me deste.
Eu sou mágico e só apareço em casa de gente de bom coração. Para te compensar,
vou dar-te este lápis mágico. Tudo o que desenhares com ele, se tornará real se
não fores ganancioso.
Vendo a admiração do menino, o eremita
continuou:
- Sempre
que necessito de alguma coisa, desenho e, o que desenho aparece. Até agora
desenhei apenas o que necessito, pois não quero ofender o anão mágico. Mas
agora que já estou velho e não necessito de mais nada, ofereço-te.
O menino agradeceu e foi todo contente
para a aldeia.
Quando lá chegou contou a sua história,
mas ninguém acreditou nele e ainda o gozavam dizendo:
- Foi com o eremita e ficou maluco
como o velho.
O menino foi para casa muito triste e como
estava com fome, desenhou com o lápis, uma mesa com coisas boas.
Assim que acabou de desenhar, apareceu no
centro da sala uma bela mesa cheia de comida, igual ao desenho que tinha feito.
O menino contente, comeu até se fartar e
já com a barriga cheia, desenhou um cão.
Durante a noite, quando estava a dormir,
sonhou com o velhinho eremita que lhe parecia um anão e que lhe dizia:
- Pega no lápis e no teu cão e vai para
outro lugar bem longe, não digas a ninguém.
O menino assim fez.
Andou por serras e vales até encontrar uma
grande montanha.
Quando lá chegou, desenhou a montanha e no
sopé, uma linda cabana. O seu desenho tornou-se realidade e ainda hoje, ele
vive na sua cabana no sopé da montanha sozinho.
Quando necessita de alguma coisa, pega no
seu lápis e desenha.
Como já está a ficar velho, espera que
apareça alguma criança que tenha bom coração para lhe oferecer o lápis mágico.
Perlim pim pim a história chegou ao fim.
Carlos Cebolo
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