O
CARANGUEJO, O CAVALO-MARINHO E A SEREIA
Um dia, um
caranguejo farto de estar na sua toca de areia, resolveu dar um passeio pela
praia. Distraído, não reparou que uma grande onda se estava a formar no mar. A
onda veio e levou o pobre caranguejo com ela.
No fundo do mar,
o caranguejo viu muitas coisas bonitas:
Conchas; peixes;
pedras; algas e uns animaizinhos que ele não conhecia.
Curioso,
aproximou-se de um deles e perguntou:
- Quem és tu?
O animalzinho
olhou para ele e respondeu:
- Sou o
cavalo-marinho, um dos habitantes deste lugar! E tu! De onde vens que eu não te
conheço?
O Caranguejo
respondeu:
- Sou o caranguejo e vivo na praia. Tenho lá
uma toca muito grande e muita família.
- Então o que
estás aqui a fazer? Perguntou o cavalo-marinho.
O caranguejo
começou a contar o que lhe tinha acontecido e disse:
- Eu andava a passear pela praia quando uma
onda me empurrou para aqui. Agora ando por cá a ver as coisas belas que eu não
conhecia. Mas tu és esquisito?
- Esquisito eu?
Retorquiu o cavalo-marinho já muito zangado com o caranguejo.
- Sim! Disse o
caranguejo. És parecido com um cavalo, mas não tens pernas; tens uma calda
enrolada e nadas sempre de pé! És realmente muito esquisito!
O cavalo-marinho
ia responder, mas nisto apareceu uma sereia a pedir calma aos dois amigos:
- Tenham calma, os dois. Eu ouvi com muita
atenção a vossa conversa e digo-te caranguejo! Aqui no fundo do mar, todos
somos amigos uns dos outros e ninguém acha o outro esquisito.
E continuou:
- Eu não sei qual é o vosso hábito lá na
superfície, mas diz-me amigo caranguejo! Tu não te achas esquisito?
O caranguejo
olhou para si mesmo e respondeu:
- Eu não! Eu sou normal!
- Então diz-me,
perguntou a sereia:
- Como explicas
que lá na superfície todos andam de frente e tu és o único que andas de lado? E
acrescentou:
- Isso não é ser esquisito?
O caranguejo
pensou um pouco e disse:
- Não! Eu acho que todos andamos da mesma
maneira, mas agora que me falaste nisto, eu fiquei com dúvidas e vou lá ver.
E o caranguejo
voltou para a praia.
Andou por todo o lado e na realidade reparou
que os caranguejos eram os únicos que andavam de lado! Envergonhado, disse para
si mesmo:
-Tenho de voltar
ao fundo do mar e pedir desculpa ao cavalo-marinho.
Apanhou boleia
com uma onda e lá foi o caranguejo, arrependido mas com grande vontade de pedir
desculpas aos seus amigos do fundo do mar.
A sereia quando
o viu chegar disse:
- Bem-vindo caranguejo! Então o que nos contas
desta vez?
O caranguejo
muito envergonhado disse:
- Sereia, obrigado por me abrires os olhos. Eu
era tão convencido que não via a realidade das coisas. E virando-se para o
cavalo-marinho disse:
- Dá cá um
grande abraço amigo. Desculpa-me pela minha ignorância; tu não és nem mais, nem
menos esquisito que eu. Perdoa-me amigo.
A sereia feliz
disse:
- Pois é meus amigos:
- Aqui ninguém é
esquisito. Somos todos diferentes. Eu sou meio peixe meio humana; o caracol
anda com a casa às costas; o mexilhão está sempre agarrado às rochas; os
peixes! Uns são grandes e outros pequenos, todos com formas diferentes. E lá na
superfície é a mesma coisa! Uns andam de pé e têm duas pernas; outros têm
quatro. Há seres que têm asas e bico e outros rastejam. Somos todos diferentes
mas somos todos filhos da mesma Natureza.
O caranguejo
muito envergonhado aprendeu a lição e nunca mais achou ninguém esquisito, feio
ou bonito. E assim, viveu feliz para sempre na companhia de todos os seus
amigos da superfície e do fundo do mar.
Perlim pim pim a
história chegou ao fim.
Carlos Cebolo
Sem comentários:
Enviar um comentário