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Tudo o que quero e não posso, tudo o que posso mas não devo, tudo o que devo mas receio. Queria mudar o Mundo, acabar com a fome, com a tristeza, com a maldade.Promover o bem, a harmonia, intensificar o AMOR. Tudo o que quero mas não posso. Romper com o passado porque ele existe, acabar com o medo porque ele existe, promover o futuro que é incerto.Dar vivas ao AMOR. A frustração de querer e não poder!...Quando tudo parece mostrar que é possível fazer voar o sonho!...Quando o sonho se torna pesadelo!...O melhor é tapar os olhos e não ver; fechar os ouvidos e não ouvir;impedir o pensamento de fluir. Enfim; ser sensato e cair na realidade da vida, mas ficar com a agradável consciência que o sonho poderia ser maravilhoso!...

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O CARANGUEJO, O CAVALO-MARINHO E A SEREIA





O CARANGUEJO, O CAVALO-MARINHO E A SEREIA
Um dia, um caranguejo farto de estar na sua toca de areia, resolveu dar um passeio pela praia. Distraído, não reparou que uma grande onda se estava a formar no mar. A onda veio e levou o pobre caranguejo com ela.
No fundo do mar, o caranguejo viu muitas coisas bonitas:
Conchas; peixes; pedras; algas e uns animaizinhos que ele não conhecia.
Curioso, aproximou-se de um deles e perguntou:
 - Quem és tu?
O animalzinho olhou para ele e respondeu:
- Sou o cavalo-marinho, um dos habitantes deste lugar! E tu! De onde vens que eu não te conheço?
O Caranguejo respondeu:
 - Sou o caranguejo e vivo na praia. Tenho lá uma toca muito grande e muita família.
- Então o que estás aqui a fazer? Perguntou o cavalo-marinho.
O caranguejo começou a contar o que lhe tinha acontecido e disse:
 - Eu andava a passear pela praia quando uma onda me empurrou para aqui. Agora ando por cá a ver as coisas belas que eu não conhecia. Mas tu és esquisito?
- Esquisito eu? Retorquiu o cavalo-marinho já muito zangado com o caranguejo.
- Sim! Disse o caranguejo. És parecido com um cavalo, mas não tens pernas; tens uma calda enrolada e nadas sempre de pé! És realmente muito esquisito!
O cavalo-marinho ia responder, mas nisto apareceu uma sereia a pedir calma aos dois amigos:
 - Tenham calma, os dois. Eu ouvi com muita atenção a vossa conversa e digo-te caranguejo! Aqui no fundo do mar, todos somos amigos uns dos outros e ninguém acha o outro esquisito.
E continuou:
 - Eu não sei qual é o vosso hábito lá na superfície, mas diz-me amigo caranguejo! Tu não te achas esquisito?
O caranguejo olhou para si mesmo e respondeu:
 - Eu não! Eu sou normal!
- Então diz-me, perguntou a sereia:
- Como explicas que lá na superfície todos andam de frente e tu és o único que andas de lado? E acrescentou:
 - Isso não é ser esquisito?
O caranguejo pensou um pouco e disse:
 - Não! Eu acho que todos andamos da mesma maneira, mas agora que me falaste nisto, eu fiquei com dúvidas e vou lá ver.
E o caranguejo voltou para a praia.
 Andou por todo o lado e na realidade reparou que os caranguejos eram os únicos que andavam de lado! Envergonhado, disse para si mesmo:
-Tenho de voltar ao fundo do mar e pedir desculpa ao cavalo-marinho.
Apanhou boleia com uma onda e lá foi o caranguejo, arrependido mas com grande vontade de pedir desculpas aos seus amigos do fundo do mar.
A sereia quando o viu chegar disse:
 - Bem-vindo caranguejo! Então o que nos contas desta vez?
O caranguejo muito envergonhado disse:
 - Sereia, obrigado por me abrires os olhos. Eu era tão convencido que não via a realidade das coisas. E virando-se para o cavalo-marinho disse:
- Dá cá um grande abraço amigo. Desculpa-me pela minha ignorância; tu não és nem mais, nem menos esquisito que eu. Perdoa-me amigo.
A sereia feliz disse:
 - Pois é meus amigos:
- Aqui ninguém é esquisito. Somos todos diferentes. Eu sou meio peixe meio humana; o caracol anda com a casa às costas; o mexilhão está sempre agarrado às rochas; os peixes! Uns são grandes e outros pequenos, todos com formas diferentes. E lá na superfície é a mesma coisa! Uns andam de pé e têm duas pernas; outros têm quatro. Há seres que têm asas e bico e outros rastejam. Somos todos diferentes mas somos todos filhos da mesma Natureza.
O caranguejo muito envergonhado aprendeu a lição e nunca mais achou ninguém esquisito, feio ou bonito. E assim, viveu feliz para sempre na companhia de todos os seus amigos da superfície e do fundo do mar.
Perlim pim pim a história chegou ao fim.

Carlos Cebolo

 

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