FLORIMUNDO E A ESTRELA
CADENTE
Florimundo,
era um menino que nasceu aleijado de um pé. Os pais do menino, pouco instruídos,
não recorreram aos médicos, aceitando o destino do menino como uma vontade
divina.
A família de Florimundo vivia num bairro pobre, onde o menino na companhia dos
seus amigos cresceu, sempre triste por não poder fazer o mesmo que os outros.
Principalmente jogar à bola.
No bairro onde
Florimundo vivia, havia muitas crianças saudáveis, mas havia também uma menina
que tinha nascido cega.
Florimundo
gostava muito da menina que se chamava Graça e muitas vezes ia passear com ela.
Levava-a
pela mão e no meio das flores que encontravam junto ao descampado onde os outros
jogavam a bola, explicava-lhe as coisas que apanhava.
Colhendo
uma flor, mostrou-a à sua amiga dizendo:
- Olha Graça,
isto é uma flor do campo. Toca nela e vê com os teus dedos como ela é. A flor é
redonda no centro vês?
Levou com
delicadeza o dedo da menina até ao centro da flor e continuou:
- À volta deste
centro, a flor tem pétalas. Ora toca nelas! São muito delicadas e são as
pétalas que dão cor às flores. Umas são brancas como esta; outras são
vermelhas; azuis; cor-de-rosa; amarelas!...
Nisto a menina
interrompeu o amigo e perguntou:
- Mundo! Assim
lhe chamava a menina. - O que é a cor? Como ela é?
Florimundo
aflito pensou um pouco e respondeu:
- Sabes Graça, as cores são como as emoções
que nós sentimos. Eu vou tentar explicar-te o melhor que sei minha amiga.
- O branco,
a cor desta flor que tens na mão é como a alegria; é também a cor da neve! E
representa também a pureza. É por isso que os vestidos das noivas são brancos!
- O vermelho é
quente, como um calor muito suave e agradável. Também é a cor do nosso sangue!
- O cor-de-rosa
é com o amor que sentimos uns pelos outros!...
- O amarelo é
como aquilo que sentes quando estás enjoada! Mas também é a cor do Sol!
- O verde é a
cor da esperança e da Natureza, as árvores, a relva são verdes!
- O preto é a
cor da tristeza!...
A menina
muito contente, interrompeu o amigo e disse:
- Ah! Agora eu
já sei as cores. E a minha cor preferida é a tua! A cor-de-rosa!...
Florimundo
não querendo desiludir a sua amiga, não respondeu e chamou a sua atenção para
outra coisa.
Os dias
foram passando e, numa lida noite de verão, Florimundo viu uma linda estrela
cadente passar mesma à sua frente. Como sempre fazia, pediu um desejo.
Pareceu-lhe
que a estrela tinha caído junto ao descampado onde tinha mostrado as flores à
sua amiga Graça.
Muito contente e
animado, dirigiu-se ao local e no meio das flores viu uma pequena pedra muito
brilhante. Quando chegou mais perto, ouviu uma voz a chamar por ele:
- Florimundo! Eu sou a estrela do desejo! Sei
que és um bom menino e por isso, vim até aqui para te conceder o teu desejo. Só
podes pedir um. Diz o que queres!
Florimundo
pensou logo em pedir que ficasse bom daquela perna, para poder jogar a bola com
os seus amigos. Mas de repente, lembrou-se da sua amiga e pediu:
- Sabes estrelinha! Eu queria que a minha
amiga pudesse ver. Ela é cega de nascença e não conhece as cores da natureza
nem a tua beleza, quando cruzas o céu estrelado.
A
estrelinha muito comovida e contente com o pedido do menino disse:
- Muito bem
Florimundo! Como és um bom menino e não foste egoísta e ao mesmo tempo
mostraste o teu grande amor pelos outros, eu te concedo o desejo que pediste. E
para te recompensar pelo teu lindo gesto, também farei com que a tua perna
fique boa.
Dito isto, a estrela
desapareceu novamente no céu estrelado.
Florimundo foi
para casa e no caminho viu que a sua perna estava normal. Já não coxeava. Muito
contente, correu para casa da sua amiguinha e chamou por ela.
Graça veio à
porta, olhou para o céu e disse cheia de alegria:
- Olha uma estrela cadente! Como é linda! Eu
vejo meu Deus! Muito obrigado.
Florimundo
explicou o que tinha acontecido e ambos, de mãos dadas agradeceram à estrela
cadente que mais uma vez passou junto deles e desapareceu no céu.
Florimundo e Graça
cresceram, casaram e tiveram filhos. Contaram sempre a sua história aos seus
filhos e estes aos filhos deles e ainda hoje, quando se vê uma estrela cadente,
sem pensar, pedimos um desejo na esperança de também ele nos ser concedido.
Carlos Cebolo
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