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Tudo o que quero e não posso, tudo o que posso mas não devo, tudo o que devo mas receio. Queria mudar o Mundo, acabar com a fome, com a tristeza, com a maldade.Promover o bem, a harmonia, intensificar o AMOR. Tudo o que quero mas não posso. Romper com o passado porque ele existe, acabar com o medo porque ele existe, promover o futuro que é incerto.Dar vivas ao AMOR. A frustração de querer e não poder!...Quando tudo parece mostrar que é possível fazer voar o sonho!...Quando o sonho se torna pesadelo!...O melhor é tapar os olhos e não ver; fechar os ouvidos e não ouvir;impedir o pensamento de fluir. Enfim; ser sensato e cair na realidade da vida, mas ficar com a agradável consciência que o sonho poderia ser maravilhoso!...

segunda-feira, 4 de abril de 2011

FLORIMUNDO E A ESTRELA CADENTE





FLORIMUNDO E A ESTRELA CADENTE

 Florimundo, era um menino que nasceu aleijado de um pé. Os pais do menino, pouco instruídos, não recorreram aos médicos, aceitando o destino do menino como uma vontade divina.
            A família de Florimundo vivia num bairro pobre, onde o menino na companhia dos seus amigos cresceu, sempre triste por não poder fazer o mesmo que os outros. Principalmente jogar à bola.
No bairro onde Florimundo vivia, havia muitas crianças saudáveis, mas havia também uma menina que tinha nascido cega.
Florimundo gostava muito da menina que se chamava Graça e muitas vezes ia passear com ela.
 Levava-a pela mão e no meio das flores que encontravam junto ao descampado onde os outros jogavam a bola, explicava-lhe as coisas que apanhava.
 Colhendo uma flor, mostrou-a à sua amiga dizendo:
- Olha Graça, isto é uma flor do campo. Toca nela e vê com os teus dedos como ela é. A flor é redonda no centro vês?
Levou com delicadeza o dedo da menina até ao centro da flor e continuou:
- À volta deste centro, a flor tem pétalas. Ora toca nelas! São muito delicadas e são as pétalas que dão cor às flores. Umas são brancas como esta; outras são vermelhas; azuis; cor-de-rosa; amarelas!...
Nisto a menina interrompeu o amigo e perguntou:
- Mundo! Assim lhe chamava a menina. - O que é a cor? Como ela é?
 Florimundo aflito pensou um pouco e respondeu:
 - Sabes Graça, as cores são como as emoções que nós sentimos. Eu vou tentar explicar-te o melhor que sei minha amiga.              
 - O branco, a cor desta flor que tens na mão é como a alegria; é também a cor da neve! E representa também a pureza. É por isso que os vestidos das noivas são brancos!
- O vermelho é quente, como um calor muito suave e agradável. Também é a cor do nosso sangue!
- O cor-de-rosa é com o amor que sentimos uns pelos outros!...
- O amarelo é como aquilo que sentes quando estás enjoada! Mas também é a cor do Sol!
- O verde é a cor da esperança e da Natureza, as árvores, a relva são verdes!
- O preto é a cor da tristeza!...
 A menina muito contente, interrompeu o amigo e disse:
- Ah! Agora eu já sei as cores. E a minha cor preferida é a tua! A cor-de-rosa!...
 Florimundo não querendo desiludir a sua amiga, não respondeu e chamou a sua atenção para outra coisa.
 Os dias foram passando e, numa lida noite de verão, Florimundo viu uma linda estrela cadente passar mesma à sua frente. Como sempre fazia, pediu um desejo.
 Pareceu-lhe que a estrela tinha caído junto ao descampado onde tinha mostrado as flores à sua amiga Graça.
Muito contente e animado, dirigiu-se ao local e no meio das flores viu uma pequena pedra muito brilhante. Quando chegou mais perto, ouviu uma voz a chamar por ele:
 - Florimundo! Eu sou a estrela do desejo! Sei que és um bom menino e por isso, vim até aqui para te conceder o teu desejo. Só podes pedir um. Diz o que queres!
Florimundo pensou logo em pedir que ficasse bom daquela perna, para poder jogar a bola com os seus amigos. Mas de repente, lembrou-se da sua amiga e pediu:
 - Sabes estrelinha! Eu queria que a minha amiga pudesse ver. Ela é cega de nascença e não conhece as cores da natureza nem a tua beleza, quando cruzas o céu estrelado.
 A estrelinha muito comovida e contente com o pedido do menino disse:
- Muito bem Florimundo! Como és um bom menino e não foste egoísta e ao mesmo tempo mostraste o teu grande amor pelos outros, eu te concedo o desejo que pediste. E para te recompensar pelo teu lindo gesto, também farei com que a tua perna fique boa.
Dito isto, a estrela desapareceu novamente no céu estrelado.
Florimundo foi para casa e no caminho viu que a sua perna estava normal. Já não coxeava. Muito contente, correu para casa da sua amiguinha e chamou por ela.
Graça veio à porta, olhou para o céu e disse cheia de alegria:
 - Olha uma estrela cadente! Como é linda! Eu vejo meu Deus! Muito obrigado.
 Florimundo explicou o que tinha acontecido e ambos, de mãos dadas agradeceram à estrela cadente que mais uma vez passou junto deles e desapareceu no céu.
Florimundo e Graça cresceram, casaram e tiveram filhos. Contaram sempre a sua história aos seus filhos e estes aos filhos deles e ainda hoje, quando se vê uma estrela cadente, sem pensar, pedimos um desejo na esperança de também ele nos ser concedido.
                                                                      
Carlos Cebolo




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