O meu fado é triste
Como triste é a minha sina
Lubango cidade amada
Sentido que já não existe.
Olhando de baixo a cima
De longe não vejo nada.
Da paisagem outrora verdejante,
Só vejo serra despida.
Querendo lembrar ao viajante,
Uma grande e triste despedida.
Da gente lusa agora distante,
Época áurea para sempre ida.
Lubango triste realidade
De um passado glorioso
Onde viveu o moço e o idoso
Sem olhar à nacionalidade,
Portuguesa outrora então
Procurando manter em vão
Uma outra identidade.
Da Leba e o seu encanto,
Do batuque então tocado,
Dançando a rebita antiga
A saudade virou um pranto
Lembrando a gente amiga.
Que existia em todo o lado.
Branco, negro e mulato
Viviam em harmonia
Angolano ou português
Na cidade ou mesmo ao lado
Pouca diferença fazia
O que a cor da pele fez.
O meu fado é triste
Como triste está a cidade
Por não ver o filho seu
O pouco que ainda existe
Combater a sua saudade
Lembrando o que era seu
O que era seu já não existe
Em Angola do meu encanto
Tudo foi lá deixado
O sangue angolano insiste
Com lágrimas de grande pranto
Em ser sempre lembrado
Lubango triste recordação
Lembrando Goa Diu e Damão
O povo não foi lembrado
Por quem foi sempre amado
Como grande foi a Nação
E nada ficou guardado
Se culpas houvesse então
Do Portugal colonizador
Não seria o povo amante
Com toda a sua devoção
Pagar com tanto pavor
O mal que foi feito antes
Senhora do Monte é saudade
Do povo que lá viveu
Tristeza é constante igualdade
Daquele que lá nasceu
Entre lágrimas e muitos prantos
O tempo passa a correr
Depois de corrermos tanto
Pensamos em ir lá morrer
Cidade linda do planalto
Princesa de Angola firmada
Por ti chamo bem alto
Nas tristes horas da madrugada
Por muito que se negue o legado
É este o nosso eterno fado!
Carlos Cebolo
Sem comentários:
Enviar um comentário