Se fosse mais novo gritava,
Às musas do meu pensar,
Por terra que outrora amava
E nunca deixei de amar.
Por muito que queira esquecer,
A lembrança do meu passado,
Sinto o coração tremer,
Lembrando o que foi amado.
Se cantor fosse cantava,
As terras do Ultramar;
Lembro tudo o que lá estava,
O deserto, a savana e o mar.
A fogueira para me aquecer,
Nas noites frias do meu passado,
Sem ter nada que temer,
Por querer e ser amado.
Por tudo o que lá se fez,
Canto sempre bem alto,
Aventuras do português,
Que passou o mar a salto.
Grito sem gritar então,
Chamando pelo meu passado;
Procuro um milagre em vão,
Por muito que tenho rezado.
O grito silencioso é ouvido,
Pelas almas dos antepassados;
Enterrados no Mundo esquecido,
Por descendentes deslocados,
Sem culpa e outra opção,
Com grande dor no coração,
Lembram o familiar muito amado
Cujo corpo foi lá deixado.
E para aqui terminar, o meu grito silencioso,
Peço aqui repouso, sem ter mais o que contar.
E das terras do Ultramar, peço respeito zeloso,
E um olhar carinhoso, às campas do além-mar.
Carlos Cebolo
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