Canto o que me vai na alma com dor,
Lembranças de um passado glorioso.
E do desassossego da alma que sinto,
Inalando o inúmero e delicioso odor,
Das desventuras vividas sem gosto,
E das aventuras vividas não minto.
O intenso cheiro a nocha madura,
Que se sente ao descer a chela,
Lembra saudades então vividas,
Imagem que para sempre perdura,
Com um forte travo a maboque e
Canela
Lembranças para sempre perdidas.
Canto a dor que sinto perdida,
Que vagueia no meu interior.
Lembro percursos percorridos,
Com uma dor há muito sentida.
Pela selecção feita sem rigor
Afastando os seus filhos mais
Queridos.
Angolanos são todos os que lá
Viveram,
Sem distinção de cor e raça.
Brancos, mulatos e negros são,
Filhos da terra onde nasceram.
Longe da pátria vivem sem graça,
Sempre prontos a estender a mão.
Ao gosto da amora silvestre,
Procuram outros sabores.
Sabores de Angola encontrados,
De outra roupagem se veste,
Procurando os mesmos odores,
Nos quintais dos retornados.
É esta a nossa grande vivência,
Nestas terras de Portugal
Lembrar Angola para sempre,
Deixando à sua descendência,
Como triste prenda de Natal,
O sofrimento da sua gente.
Carlos Cebolo
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