Que culpa tenho eu por ter nascido,
Num lindo país da África negra.
Ser Angolano é pois o meu fado,
Fado triste que parece castigo.
Por não ter a cor que por lá é regra,
A cor do carvão para ser amado.
A mulher negra ao meu lado chora,
Sua lágrima rola pelo rosto.
Seu filho branco está de partida.
Sua mãe negra também foi embora.
Amargo sabor que trás o seu gosto,
Pela dor que é agora sentida.
Seu sangue analisado será,
Num belo dia de primavera.
P’ra doar ao branco que se magoou,
E que tem o seu sangue igual ao dela.
Com grande dúvida perguntará,
De que cor o sangue do branco era.
É igual ao que agora doou!...
Então qual a diferença afinal?
Pergunta a negra pró doutor então!
Se os sangues são iguais! Qual o mal?
Foi a sua pergunta feita em vão.
Ninguém sabia que resposta dar,
Para a negra que só queria amar.
Carlos Cebolo
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