ENTRE A CRUZ E A ESPADA
Entre a cruz e a espada,
O povo cantava feliz,
Na simplicidade esperada,
Água parada de um chafariz.
Duma felicidade cativa,
Da infelicidade já cativo,
Sem querer que apenas viva,
O triste povo ainda vivo.
Tratado como humidade,
Que de negro pinta a parede,
É fungo gasto pela idade,
A água que não mata a sede.
Tirar o trabalhador ao Mundo,
Ser oco de pensamento,
Querer por a nau ao fundo,
Com negação do sentimento.
A quem prezar com tais favores,
Este povo trabalhador,
Na descrença de tais senhores,
Para ganhar tamanha dor.
Pau queimado de incenso mudo,
Traduz a luz do belo olival,
Da boca fria que pensa tudo,
Atitude de um animal.
Fósforo queimado da boa cepa
Para quem não tem memória,
A força que o rei decepa,
Torna o reinado sem glória.
Carlos Cebolo
carlosacebolo.blogspot.com/
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