SOLIDÃO
Encerram-se as vestes do céu,
Cobre-se o rei sol protector,
Tempo vivido se perdeu,
Encanto e beleza do amor,
Por onde a vida se escondeu.
Naquele recanto do jardim,
Deixo voar o pensamento,
Pensamento que existe em mim,
De outros tão belos momentos,
De um Mundo esquecido, sem fim.
Recordo o tempo já passado,
Porte altivo da juventude,
O muito que fui admirado,
Toda aquela embriaguez que ilude,
Um corpo jovem desejado.
Neste presente de tristeza,
Estando triste e abandonado,
De nada conta a velha beleza
E as glorias do lindo passado,
Num futuro da incerteza.
Só, neste banco de jardim,
Parece que ninguém me vê!...
O tempo já passou por mim,
E na velhice ninguém crê,
Como ninguém crê no seu fim.
Aqui, neste triste jardim,
Ninguém olha p’ra bela flor,
As cores vivas do jasmim,
Essa beleza do interior,
Que existe no interior de mim.
Talvez o receio de ver,
O futuro da sua dor,
Na velhice, antes de morrer,
Depois de viver seu amor,
E também aqui padecer.
Carlos Cebolo
carlosacebolo.blogspot.com/
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