À BEIRA MAR
À beira mar, olhando aquele oceano sem nome
O irregular ondular dos barcos à vela,
Entre fracas nuvens que própria luz as consome,
Sinto aquela terra distante, sem poder vê-la.
Às vezes, impedido pelo próprio horizonte,
Outras vezes na cegueira dos raios solares,
Sem te ver, sei que te encontras mesmo ali defronte,
Libertando no ar, a magia e teus sabores.
Vezes sem conta, sinto-te nos meus pesadelos,
Guerra que me escorraçou e separou de ti,
Imagens de irmãos mortos que me recuso a vê-los
E todo aquele triste horror que também eu senti.
À beira do mar, sentado na areia dourada,
Revendo aquele lindo passado por mim vivido,
Recordo com saudade as noites de batucada,
Alegres cantares e danças dum tempo já ido,
Recordo esse irmão amigo que por lá ficou,
Essa terra onde nasci e sempre será minha,
Todas as frutas saborosas que aquele sol doirou,
Aquele doce luar que ainda à noite me acarinha.
Carlos Cebolo
carlosacebolo.blogspot.com/