O Querer e não Poder resolveu hoje, mais uma vez, chamar a atenção para um problema cada vez mais gritante no Mundo em que vivemos. A pobreza é o tema escolhido e, por muito que se fale, há sempre muito que fica por se dizer sobre este assunto preocupante. Os políticos do Mundo inteiro, procuram dar ênfase nos seus programas, à luta contra a pobreza, mas na realidade pouco ou nada fazem para contrariar este enorme problema social.
Este flagelo social mundial, não pode nem deve ser medido, utilizando-se conceitos pré estabelecidos por políticos que apenas conhecem o problema através de relatórios que muitas vezes não são acompanhados das verdadeiras causas que provocam determinados tipos de pobreza. Hoje em dia, este fenómeno não pode ser encarado como sinónimo de fome; de habitação deficiente; de analfabetismo; de falta de higiene. Estes factores são na realidade importantes na avaliação do estado de pobreza e, foi até há pouco tempo, os parâmetros suficientes para tal avaliação. Hoje, com o aparecimento de novos pobres, motivado pelo emprego precário; baixos vencimentos; Lei off e outras do género e principalmente o desemprego, estes novos pobres, cuja maioria está encoberta por vergonha já são um número muito maior que a pobreza conhecida e catalogada em países civilizados. Há pessoas, famílias inteiras que viviam do vencimento do agregado familiar e que bem orientado, era o necessário para a sua despesa mensal, de um momento para o outro, vêem-se no desemprego e sem qualquer meio de poder cumprir com as suas despesas. Estas famílias, não são analfabetas, não vivem em péssimas habitações, não andam sujas ou com o vestuário rasgado, (estigma do podre), mas para lá caminham por não ter como ganhar dinheiro com o seu trabalho honesto. Por se sentirem ainda válidos à sociedade, têm vergonha de pedir e, com a vergonha no rosto, vão durante a noite, às escondidas, aos contentores dos supermercados à procura de algo para comer e para levar para casa, para dar de comer os seus filhos. Aquilo que para a sociedade em geral já não serve, para eles é a diferença em ter o estômago vazio ou um pouco aconchegado. Entram na lei da sobrevivência. Procuram insistentemente trabalho, mas encontram pela frente dificuldades, devido à sua idade. Acima dos 40 anos, a idade e a experiencia, transformam-se em obstáculos em vez de serem uma mais valia. E assim, o trabalhador desempregado, que é velho para arranjar um novo emprego, mas que é novo para obter a reforma, de um momento para o outro, passa de remediado para pobre e vai mesmo caminhando em passos largos, para a pobreza extrema com o passar dos dias. Muitos por deixarem de pagar a sua casa, perdem-na e, como não têm emprego, ninguém os aluga outra residência, uma vez que não dão garantias e assim, nascem os novos pobres sem abrigo e a pobreza torna-se crónica sem que nada possam fazer. Em Portugal, não há actualmente qualquer freguesia, por mais rica que seja, que não tenha os seus pobres. No entanto, ainda há autarcas que negam haver pobreza na sua freguesia. A estes autarcas eu chamo bichos de gabinete, pois não conhecem a realidade do povo que vive na terra que têm obrigação de administrar. Não nos podemos admirar de haver em certas comunidades muito pobres, espalhadas por este Mundo fora, mães que procuram vender os seus filhos. Nem as podemos criticar sem saber ao certo qual o motivo que as levou a tal acto. O desespero, a ruína da família, leva à fome que é um problema muito sério e o amor de mãe embora enorme, não pode evitar o sofrimento. Assim, estas mães, com o coração despedaçado, preferem ver os seus filhos a serem criados por outros, e saber que os vão perder definitivamente, do que a vê-los morrer de fome. Isto é pobreza extrema, mas real e existe também em Portugal. As águas turbulentas que o país atravessa, dificilmente se tornarão calmas com políticas que prejudicam constantemente o trabalhador, sejam eles da função pública ou do sector privado. As grandes empresas e bancos, têm cada vez mais e maiores lucros e, o trabalhador que contribuiu para tais lucros, está cada vez mais pobre. Os políticos, depressa ficam ricos e o país cada vez mais pobre. Assim, o preço da democracia associada ao capitalismo, está a ser demasiado pesado para o povo trabalhador. O Querer e não Poder deseja que as águas turbulentas se tornem calmas rapidamente, para que o povo, já com os braços cansados do esforço feito para se manter à tona, possa respirar um pouco.
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