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Tudo o que quero e não posso, tudo o que posso mas não devo, tudo o que devo mas receio. Queria mudar o Mundo, acabar com a fome, com a tristeza, com a maldade.Promover o bem, a harmonia, intensificar o AMOR. Tudo o que quero mas não posso. Romper com o passado porque ele existe, acabar com o medo porque ele existe, promover o futuro que é incerto.Dar vivas ao AMOR. A frustração de querer e não poder!...Quando tudo parece mostrar que é possível fazer voar o sonho!...Quando o sonho se torna pesadelo!...O melhor é tapar os olhos e não ver; fechar os ouvidos e não ouvir;impedir o pensamento de fluir. Enfim; ser sensato e cair na realidade da vida, mas ficar com a agradável consciência que o sonho poderia ser maravilhoso!...

segunda-feira, 15 de março de 2010

MINHA TERRA, MINHA GENTE

Portugal foi o último país europeu a ter colónias em África. O Continente negro hoje talvez o mais atrasado no planeta, foi, segundo especialistas na matéria, o berço da raça humana. Foi dela que os primeiros homens saíram em direcção ao Norte para explorar, caçar e aí fixar residência, diversificando a raça humana, segundo o padrão que a própria Natureza impôs em cada território. A cor da pele, a fisionomia, as características raciais de cada povo, foi-se modificando e impondo-se consoante o local e o clima de cada região. Há quem justifique e afirme que foi realmente o clima quem formou as diversas características humanas. Daí as diferenças entre europeus, asiáticos africanos, indianos, nativos americanos (índios) e o povo do gelo, os esquimós. Nos anos sessenta do século vinte, Portugal tinha Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe como colónias em África. O território de Goa, Damão e Diu na Índia, Macau na China e Timor na Oceânia. Contudo, a maior de todas era Angola e, é deste território, da terra onde eu tive a felicidade de nascer, que o Querer e não Poder vai tentar fazer um resumo, lembrando o quão de bom aquela terra Tinha. Tentar mostrar as diferenças do que era e do que é actualmente. No início dos anos setenta do século passado, Lourenço Marques, a capital de Moçambique, era a maior cidade portuguesa e, logo a seguir vinha Luanda, capital de Angola e só depois é que aparecia Lisboa, capital de Portugal. Angola, principalmente depois de 1961 teve um aumento muito significativo no seu desenvolvimento, ao ponto de se tornar notada e cobiçada por todo o Mundo. Na década de sessenta, todas as cidades, e vilas de Angola tinham já nessa altura, estruturas de salubridade apropriadas ao ser humano civilizado. Desde o saneamento básico à electricidade, passando pela água potável, já era uma constante em toda Angola. A indústria estava em franco desenvolvimento; a exploração mineral, pecuária e agrícola eram uma realidade. Enfim, em todos os sectores a economia era um comboio em movimento e em alta velocidade. Só para terem uma ideia, já nessa altura Angola exportava através de Portugal, país administrante, 4 biliões de toneladas de cana-de-açúcar; 220 mil toneladas de café; 70 mil toneladas de sisal. Além destes produtos, ainda exportava também, milho, algodão em rama, trigo, minério de ferro, diamantes e petróleo. No turismo, as suas praias eram das melhores do Mundo, temperaturas tropicais, águas cristalinas e calmas eram um chamariz de turistas, nacionais e estrangeiros, ao ponto de haver um slogan que dizia:” Quem conhecer Angola não quererá viver em outro lugar”. A colheita agrícola alimentar, era feita duas vezes por ano, a pesca era abundante no ano inteiro, a pecuária estava já ao mais alto nível, onde se incluía as feiras internacionais de gado. No interior, o campo, a savana e as serras, com a sua variedade de caça, os safaris eram uma alternativa bastante emocionante. Quem nasceu ou quem viveu em Angola, não se esquecerá das suas frutas. As cultivadas e as de produto da própria natureza. Quem não se lembra dos deliciosos mirangolos dos quais se fazia um belo doce; das Goiabas com polpa cor-de-rosa aveludada e uma casca acre/doce com um pequeno travo, que fazia as delícias de quem as comia, principalmente quando colhidas logo a seguir a uma chuvada; das mangas de diversos sabores, feitios e tamanhos, umas de polpa amarela, outras avermelhadas, mas todas uma maravilha da natureza, com mais ou menos terebintina que lhes dava o sabor característico. Dos mutambotes madurinhos, com o seu sabor único; das mutambas ou nonambas, fruto pequenino do tamanho dos bagos da romã, que depois de maduro apresentava uma cor preta, com um sabor único no Mundo, indescritível para quem nunca provou e, dos quais se fazia um sumo delicioso a que se dava o nome de “bulunga de Mutamba”, para não se confundir com outra bebida típica de Angola “Bulunga”, feita à base de farinha de milho; do Gongo, um fruto muito parecido com a ameixa amarela, mas com um grau de álcool muito elevado, principalmente se fosse comido muito maduro; da Nocha que só havia na região da Huíla, tinha uma pele parecida com a do Kivi, mas uma polpa aveludada muito doce com cheiro a âmbar e a canela; do mamão; da papaia; da pitanga; dos mutundos que eram chamados de morangos silvestres; do caju fruto sumarento; do dendê ou dendem, fruto da palmeira de onde se extrai o óleo com o mesmo nome; tamarindos; Tabaibos; maboques, fruta pinha; do jindungo, pequeno e muito picante; da mácua ou múcua conforme a região, fruto do célebre imbondeiro, ou embondeiro, também chamado de Baobá, considerada a árvore sagrada de África. Enfim, tantas outras que, para as numerar todas, teria de fazer apenas um tema sobre elas e, não é o caso. Quem não se lembra das cidades iluminadas, com regra citadina, limpas, onde o povo circulava a qualquer hora do dia ou da noite sem receio. Quem não se lembra dos passeios à beira mar, acompanhado da luz do luar e do sossego da noite. Quem não se lembra dos bailes carnavalescos com brincadeiras sadias, alegres, sem qualquer maldade, que se fazia por todo o lado. O povo de Angola é composto por várias etnias com os seus dialectos próprios. No enclave de Cabinda, os Cabindas. A Norte a etnia dominante são os Bacongos ou Kikongos conforme o dialecto usado; a Nordeste os Quiocos; No Planalto Central os Ovimbumdos; A Sudeste os Ovambos onde se inclui o povo Cuanhama; no Litoral Centro, os Vangangela ou Guenguelas ou Guenguerelas; No planalto da Huíla, os Nihanecas dos quais os maiores grupos são os Mumuilas e os Muquilengues; No Quando Cubango, os Cuangares, A sul da serra da Chela, os Hereros mais conhecidos por Mucubais e no deserto da Namibe os Bosquimams também conhecidos por Mukuíces. Com todas estas etnias e dialectos, Angola foi unificada pelo português. Sem a língua portuguesa não era possível haver um entendimento entre todas as etnias. Um dos grandes lemas do Governo de Angola é “de Cabinda ao Cunene, um só Povo, uma só Nação”, mas há a tendência de esquecer que sem o português isto não seria possível. A luta tribal tão comum em África, seria também uma realidade em Angola, se não houvesse a unificação pelo língua e pelos costumes herdados dos portugueses. Hoje, Angola, com pouco mais de trinta anos de independência, está um caos. A Província outrora rica, desenvolvida e civilizada, construída ao estilo europeísta, é hoje um país tipicamente africano. As cidades, com um trânsito caótico, com a lei do salve-se quem puder, com segurança zero, com lixo espalhado pelas ruas, com gado bovino, caprino e até suíno pelas cidades ou em apartamentos de habitação, sem água potável, saneamento básico, ou electricidade constante, fazem deste país uma aventura perigosa e um dos países com maior índice de pobreza no Mundo. O governo, corrupto ao estilo de outros governos africanos, tenta justificar o caos com a guerra civil que assolou o país durante décadas. Desculpas não compreendidas para quem conhece Angola e para quem sabe que foi precisamente na época das lutas de libertação, no tempo colonial, que o país teve o seu maior desenvolvimento. É certo que a guerra civil que se seguiu à independência, destruiu quase na totalidade as infra-estruturas das cidades, mas por si só, não é justificação para Angola estar como está. A falta de zelo, a capacidade de fazer progredir uma terra com as óptimas condições como Angola, a ganância de enriquecer rapidamente por parte de quem tem o poder, são os factores principais do não desenvolvimento. Com a realização do CAN, houve a preocupação de lavar um pouco as cidades onde o evento teve lugar, mas foi só isto mesmo que foi feito. Uma lavagem de cara. 80% do território, continua a não ter as condições mínimas de habitabilidade. O campo continua a estar dentro das cidades e os hábitos do povo continuam com a tendência da idade média. O comércio é feito sem lei nem roque pelas ruas, os produtos alimentares, principalmente a carne e o peixe, são vendidos ao ar livre sem quaisquer cuidados de higiene. A colónia de moscas e outros insectos são em número cada vez maior e a saúde, com grande incidência nas doenças transmissíveis, são uma constante. A lepra, a tuberculose e a sida são hoje uma preocupação dos médicos sem fronteiras. A terra onde eu nasci, assim como milhares de portugueses nasceram, é hoje um país rico, com um governo rico e um povo miserável. Não se compreende como uma terra que tinha duas culturas agrícolas por ano, que tinha uma pecuária implantada; que tinha o sector de pescas desenvolvido, hoje não tenha uma sustentabilidade própria e dependa da ajuda mundial para o povo sobreviver. Para quem não conhece a realidade, quando vê o presidente da república de Angola viajar no seu avião particular igual ou muito parecido com o do presidente dos E.U.A; quando lê notícias que a esposa e filhos do presidente vão passar férias ao estrangeiro e esbanjam dinheiro como água, ao ponto de darem altas gorjetas a quem os serve; quando ouve notícias que Angola já é um dos maiores produtores de petróleo e de diamantes do Mundo, não pensa que o povo está a morrer de fome e que a pobreza no país é uma realidade gritante. Angola tem tudo para vir a ser um grande país, não só Africano, mas também Mundial. Faço votos para que a corrupção dos governantes, a falta de desenvolvimento sustentado e acima de tudo a grande diferença existente entre o povo e a chamada elite angolana, não faça levantar a revolta e dê início às tão terríveis e indesejadas lutas tribais, como acontece em muitos países Africanos. Minha terra, minha gente, ao que chegaste. Que futuro te espera!...

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