No arimbo semeia o milho,
Espera a chuva chegar,
Enquanto embala o filho,
Que no seu colo está a mamar.
Amanha a terra com mestria,
Com o filho preso à cacumda,
Mãe negra também partilha,
A tristeza mais profunda.
Aguarda o milho crescer,
E que o tempo lhe traga a chuva.
Arranca a erva doninha,
No meio do milho a nascer,
Sempre com a coluna curva.
A criança com fome chora,
Mãe negra para o acalmar,
Mete-lhe a mama na boca,
Procurando-o alimentar.
O filho nas suas costas fica,
Calado a tentar chuchar,
O leite que a mãe não tem
Nas mamas para lhe dar.
Na cubata não o pode deixar,
O tempo ao arimbo dedica.
Ao filho não deixa de amar,
E junto a si sempre fica.
Nas costas da mãe dorme,
Sem ter onde ficar!...
A criança agarra a bica,
E a mama da mãe consome,
O leite que está a acabar.
O milho cresce por fim,
Farinha a mãe vai ter,
Para fazer o belo festim,
P’ro filho que o vai comer.
Pirão feito na panela,
De barro feito à maneira,
Com frango de cabidela,
À sombra da grande mangueira.
Mãe negra prepara a quinda
Com produtos do seu arimbo,
Na cidade é sempre bem-vinda
Procuram produtos do quimbo.
Carlos Cebolo
(Léxico Angolano)
-Arimbo – terreno de cultivo
-Cacunda – costas
-Quinda – cesto artesanal feito de erva (Capim)
-Quimbo- Sanzala-Povoado
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