AGUACEIRO
Cai solto este aguaceiro!...
Miudinho, leve e sereno,
Que entranha até à alma.
Vem de vagar e sai ligeiro,
Mantendo o tempo ameno,
Nesta triste tarde calma.
Uma só carícia do teu amor,
Pouco a pouco no sentir,
Molha todo o meu ser.
Aguaceiro da minha dor,
Que na tristeza me faz sorrir,
Acaba com o meu padecer.
Mostra-me a memória do tempo,
Na moldura que te esconde
E abraça-me nesta madrugada.
Cai ligeiro, no tempo sem tempo,
Caminha sem saber por onde,
Nesta triste vida agastada.
Procuro-te no céu de estrelas vazio,
Onde encontro a luz do teu olhar,
Na alegria das lágrimas do rosto.
No brilho do pirilampo o desafio,
De um amor que se quer salvar,
Na ausência triste do conforto.
De nada vale amaldiçoar o envelhecer,
Com o seu aguaceiro persistente,
Como o causador de todo o mal.
A chuva que molha, faz a terra humedecer,
Fertilizando a seca semente,
Que na terra provoca o natal.
Assim é o meu amor!...
Cai sereno como o aguaceiro,
Com o sorriso que atravessa a vertente.
Traz na alma o doce odor,
Do sentimento que se quer verdadeiro
E que fica guardado para sempre.
Carlos Cebolo
Sem comentários:
Enviar um comentário