SINTO-TE NO MEU OLHAR
O mal querer deste contrafeito,
Como Tomé, no ver para crer,
No bem-querer tudo a preceito,
Na ilusão de não crer no poder.
Murmúrios de uma boca cansada,
No querer e não poder esquecer,
O doce beijo sentido na madrugada,
No silêncio do sonho a morrer.
Perfeita nudez de todos os sentidos,
Na saudade do silêncio perfumado,
Das flores com seus cálices invertidos,
Que beijam o estame amaldiçoado.
Da incoerência deste sofrer,
No querer ser tudo e tudo o nada,
Agarra-se o amor que está a morrer,
Na promessa feita e sempre adiada.
Aquele fogo intenso de felicidade,
Do corpo, dentro do corpo sensual,
Anseios de pura e sentida liberdade,
Que faz do ser humano um animal.
Porque te amo tanto assim?
Teu olhar é beijo que sinto no sorriso,
Teu corpo é violino tocado sem fim,
Com som que me faz chorar sem aviso.
Na memória dos meus olhos, o segredo
De beijos e murmúrios agora perdidos,
Na glória da alma ao vencer o medo,
De te perder na melodia dos sentidos.
Sinto-te no meu olhar!...
Em sonhos na intimidade da saudade,
O violino que toca sem saber chorar,
Nas asas cintilantes da eterna liberdade,
Dos poemas que só tu sabes decifrar.
A linguagem entendida no amor,
Em suspiros de loucura e saudade,
Formam sentimentos no corpo da flor.
Carlos Cebolo
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