NOVO CICLO
Choram as árvores no seu sofrer,
Perdem a roupagem da primavera,
No sentido agreste da nova estação.
Neste triste envelhecer e renascer,
Da renovação e vida que se espera,
Acaba com a triste e sentida solidão.
À geração vindoura, diz-se presente,
Sentindo na raiz, o vigor da semente.
Lágrimas doces pelo céu choradas,
Levam nos rios as mágoas sentidas,
Da Natureza que se sente entristecer.
Colhe-se o fruto de vidas acabadas,
Na renovação das esperanças idas,
Do amor perdido e todo o padecer,
Do fruto que passou a ser semente,
Sentindo as dores que a alma sente.
Correm soltos os riachos sedentos,
Na ânsia da união de corpo e alma,
Como o rio que as lágrimas aguarda.
Sina do fado na lei dos momentos,
Que se cumpre com a dor que acalma,
As frias e serenas águas da madrugada.
Bailado cruel que a alma consente,
No caminhar das águas na nascente.
Caminha veloz para o mar cruel,
Estas águas calmas do rio feliz,
No Outono que o procura renascer.
Novo ciclo de vida no carrossel
Da vida, no amante agora infeliz,
No descontento do triste esquecer.
Estar presente no querer da mente,
No amor sentido conscientemente.
Este fraco vento que nada me diz,
No calar da desgraça na sua nudez,
Leva toda a roupagem de felicidade.
Com a certeza de trazer a vida feliz,
Sopra ligeiro no grito da sua surdez,
Com lágrimas soltas de fertilidade.
Assim fertiliza a dura e seca semente,
Com húmus que a própria terra sente.
Este Outono da vida sentido e vivido,
No contratempo do engano da loucura,
Que a Natureza percorre com a certeza,
Provoca em nós um sentimento retido.
A dor suprema da perda de aventura,
Que na juventude produz a incerteza,
Turva aquele brilhante olhar sorridente,
De quem agora, procura outro presente.
Carlos Cebolo
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