DESPREZADO
Eles cantam, no ritmado trabalho,
Absorvem a vida na condição,
No correr, no chorar quebram a fronte,
Na triste vida onde não há atalho,
Para a felicidade de um coração,
Essa água pura na ilusão da fonte.
Do nascer do sol, à hora tardia,
Vai o trabalhador no seu rebanho,
Naquele seu vogar, sem ter um destino,
A mando de uma triste economia,
Que observe todo esse esforço tamanho,
Causador de todo esse desatino.
Seu esforço num trabalho grosseiro,
Sem ser, na justiça recompensado,
Jorra a fé na promessa sem verdade,
Daquele triste suspiro derradeiro
Que espera ser um dia, consagrado
Sem aquele último olhar de piedade.
Verdadeiro corpo da economia,
Seu esforço, cabeça de motor,
Que gira nessa roda da fortuna,
Trabalhando duro dia após dia,
No desprezo de ser trabalhador,
Simples cinza, desprezada na urna.
Carlos Cebolo
carlosacebolo.blogspot.com/
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