O BATER DA PORTA
Quantas vezes no silêncio, bate a saudade!...
Sonho em asas soltas, voando pelo deserto
Da vida que teima em esconder a realidade,
Desse triste tempo, sem o seu tempo certo.
Sacudo o mesmo horror, a mesma indignação,
Naquele voar entre a estrela iluminada e calma,
Que o meu olhar repele sem ter emoção,
Os gritos sentidos no interior da minha alma.
Há em tudo, aquela tristeza de finados!...
Arde em chamas, esse peito ferido de morte,
Quando essa alma solta, trespassa os cortinados
De uma vida que o tempo traçou sua sorte.
Subitamente, um relâmpago se levanta,
Iluminando aquele espaço escuro e triste,
Por onde esse meu sonho, naquele voar se encanta,
Do poder de um deus menor que já não existe.
Carlos Cebolo
carlosacebolo.blogspot.com/
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