PARTIR SEM RECORDAÇÃO
Passo a passo, na alfombra do jardim,
Caminha solitária a alma vazia,
Na sombra que passa dentro de mim,
Silêncio que a própria vida trazia,
Sem glória, dá e nega a fé assim.
Alma feito grande nessa tristeza,
Naquele irreal mundo seu, se perdeu.
Quão pequena foi naquela incerteza,
Do mundo mudo e surdo que foi seu,
Insónia avulta dessa natureza.
Na sombra da vida, sua clareza,
Nos parcos momentos de lucidez,
Onde não houve Deus nem Natureza,
Que a salvasse daquela embriaguez,
Ofuscando o que foi, sua beleza.
Há muito, deste Mundo se perdeu,
Aquela que foi porto, salvação.
Velas içadas naquele Mundo Orfeu,
Sem ter vivência da recordação,
Nessa triste doença com que viveu.
O esquecimento da mente varrida,
Memória que regressa à sua infância,
Degrada toda a vivência vivida,
Naquele sentir duma pura inocência,
Nos últimos dias da sua vida.
Carlos Cebolo
carlosacebolo.blogspot.com/
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