DEIXADAS NA SOLIDÃO
Mortalhas vivas de uma viuvez sentida,
Noivas distantes na sua plenitude,
Choram a vida agarradas à lembrança
Daquele murchar floral sentido à partida,
Que leva com ele, toda a juventude
E sonhos repartidos nessa mudança.
Repicam os sinos para além deste Mundo,
De um dever imposto à triste condição,
Nessa cegueira dita que se consente,
Não haver outro dever assim profundo,
Que leve os mancebos naquela ilusão,
De uma contra-dança que a própria alma sente.
Na distância, fica a noiva na viuvez,
Gemer por ter de viver na solidão,
Desse claustro heróico à força, assim imposto.
No tédio, a jovem e casta mulher perde a vez.
Dessa vida que não passou de ilusão,
De um noivado que só lhe trouxe desgosto.
Carlos Cebolo
carlosacebolo.blogspot.com/
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