PESADELO
Aguarela de uma vida em tela tecida,
Na dúvida conforme a invocação da musa,
Dos tons fortes que a transforma entristecida,
Nesse palco onde a felicidade se recusa
A surgir, carregando todo o seu sofrer
De flor morta que quer continuar a viver.
Aos deuses, apenas o sonho se agradece,
Como sentença decretada por um juiz,
Onde a noite tapa o sol e o mundo escurece
E a triste alma vivente procura ser feliz,
Com todo aquele anseio, triste e derradeiro,
Que o próprio sonho faz tremer o travesseiro.
E o triste sonho, onde o sossego não é nada
E nada é a matiz por onde ele surgiu,
É lugar onde a vil morte está sempre ansiada
Em receber com louvores, a vida que ruiu,
Deixando a alma nessa triste infelicidade,
Criada com todo aquele avançar da idade.
Nesse cantar, onde as próprias notas tecem,
Aquele enredo que perturba o próprio ar,
Atingem todas essas causas que entristecem
Naquela ilusão, as tristes noites sem luar,
Onde a alma vagueia no pesadelo tido,
Deixando por momentos o corpo ferido.
Carlos Cebolo
carlosacebolo.blogspot.com/
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