ADEUS!...
Norte!...
Desnorte sentido agreste da emoção,
Que amarguras o meu coração,
Na frieza da triste sorte.
Destino traçado à nascença,
Que o ser humano transporta na vida,
Com a sua aparente indiferença,
Até à hora da derradeira partida.
Desatino das velhas montanhas,
Que perdem os filhos em desalinho,
Nascidos e criados nas entranhas,
Do colo que nos abriga com carinho.
Mãe pátria que aos poucos morre,
Na alma com falta do sentir,
Do rebento em chama que corre,
Queimando o prado que o fez emergir.
Lembranças!...
Projectos inacabados de uma vida,
Adiada na diáspora da partida,
Com todas as tristes mudanças.
Por momentos perco o norte!...
As imagens que vislumbro à distância,
Reavivam os tormentos da morte
E recordam-me o belo tempo de criança.
Coisas antigas!...
Na corrosão de tempo que tudo agrava,
A recordação de amigos e amigas,
Na alegre vida que se amava.
Tudo está diferente!...
Ou parece diferente.
Laivos na memória modificada,
Do cognitivo sempre em evolução,
Apagam a imagem antes fixada,
No recanto fechado da recordação.
È a defesa do espírito presente,
Na árdua luta da sobrevivência,
Que ainda o velho corpo sente,
Na luta travada com a inocência.
Dizer que o passado foi perdido,
É o mesmo que dizer, ter o futuro ganho,
No presente que se encontra indefinido,
Em todo o processo que acho estranho.
Com grande aperto no coração
E por não ver outra condição,
Resta-me apenas dizer!...
Adeus terra que me viu nascer.
Carlos Cebolo
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