NOVO AMOR
Percorro as ruas estreitas,
Ruas que me levam à capela,
Lá no cimo do monte Sião.
Não vi alma penada, nem maleitas,
Apenas uma imagem e uma vela
Acesa naquele pequeno salão.
Lá dentro, o silêncio,
Quase sepulcral, se não fosse o vento
Que entra pelas frinchas da janela,
Trazendo um leve cheiro a incenso,
Como um ruído de lamento,
Que faz oscilar a fraca luz da vela.
Olho aquela capela nua!...
Num altar, ao centro apenas uma cruz
Que reflecte a luz da lua
E ilumina o monge de capuz.
Sento-me ao seu lado em silêncio,
Respirando aquele mudo momento,
Como se observasse o adversário, num desafio,
Ou por onde entra o fresco vento.
Oiço uma voz suave que me pergunta!...
Irmão o que o traz por cá?
Este é um lugar de culto Jesuíta
E Jesus é o nosso maná.
Com voz baixa, digo que Jesus morreu,
Ali está apenas uma cruz.
No silêncio das palavras, o lugar escureceu
E a vela pouco já reluz.
Oiço uma voz no meu interior!...
Ao meu lado, o monge já não está,
…Jesus não morreu, vive no amor
E o seu pensamento anda por cá.
Perturbado, procuro o monge,
Não o encontro em lugar nenhum,
Encontro-me só, naquele lugar tão longe,
Com uma enorme vontade de fazer jejum.
Levanto-me devagar, olhando aquela cruz,
Sentindo de momentos, no peito uma dor.
No meu pensamento, o monge de capuz
E no meu coração, sinto um novo amor.
Carlos Cebolo
carlosacebolo.blogspot.com/
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