INCERTEZAS
06/06/2012
Neste meu Mundo estrelado de coisas ocas,
Olho um passado de lembranças caídas,
Procurando sentir o gosto de outras bocas,
No crepúsculo renascente de outras vidas.
Ao meu redor, vejo um mundo imperfeito,
Constelações brilhantes no abismo profundo,
De uma fraca sintonia seguida a preceito,
Formando este meu triste mundo imundo.
Tenho necessidade, de algo que me faça sonhar…
Que me faça recordar a linda cor vermelha,
Da terra, que teima em fugir do meu olhar!
Escondida por de trás da luz que tudo espelha.
Quero encontrar-te na penumbra de névoa,
Que de África vem subindo ao encontrão,
Em batalha desigual que no tempo ecoa,
Como quem busca, o seu adorado Sebastião.
De Alcácer Quibir fazer o desejado salto,
Passar muito para alem da linha do Equador,
Entrar na foz do Zaire com um padrão alto,
E declarar à bela Angola todo o meu amor.
Seria este, o meu grande e eterno desejado,
Perdido nas brumas, das noites das tristezas,
D’um passado para sempre lembrado e amado,
E d’um futuro próximo, do qual tenho incertezas.
O regresso do desejado, passado vivido e sentido,
Ouvido sem esperança, no retorno do meu eco,
Que salve este meu pobre reinado desaparecido,
Na ânsia de não te ver, neste mundo que me perco.
Sinto vivo este desejo, na mente de ideias despidas,
Sedento da tua cor e beleza de aromas perfumados,
Esquecidos nas longínquas emoções da despedida,
Do silêncio, no mistério, daqueles belos chãos sagrados.
Amo-te eternamente…Quente e desnudada da realidade.
Sôfrego do teu doce néctar, cristalino que me vicia,
Sacio a minha sede, em imagens destorcidas, da verdade.
Carlos Cebolo
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