ADEUS AMIGA
Vinham ondas suaves e mornas na areia escaldante,
Como vinham, também se iam com a rebentação,
Entravam pelo mar, percorriam mundos e outras praias
E nós, com nossos passos, avivávamos a memória,
Olhando aquele basalto carcomido pela erosão do tempo,
Ouvindo ao longe, vozes que nos pareciam familiares.
Naquela praia, por muitos chamada das Miragens,
Saltando por entre corpos estendidos naquela areia,
Espraiando a juventude impudica e oferecida,
Colhida nas retinas de olhares indiscretos,
Também nós, retínhamos na memória a nossa aventura
Naquela frenética procura da eterna juventude.
Por lá, passeámos muitas vezes, com a brisa fresca
Espraiada no rosto, descolorindo o rosado da face,
Provocado por um beijo furtivo escondido daqueles
Olhares indiscretos que tudo e nada vêem.
Hoje, em outras praias, com outras ondas,
Procuro recordar aqueles tempos doces,
De uma juventude fugidia que se perdeu,
Colhendo experiências que o tempo prendeu.
Recordas-te amiga!...
Não era apenas a praia que nos atraia,
Nem tão pouco a época das mini saias
E cabelos presos com flores, na liberdade conquistada.
Era o amor vivido na plenitude e irreverência
Que a própria juventude na emoção sentia.
Era a vida.
A vida que nos trouxe até aqui e que nos tirou aquela
Alegria sentida e o desejo de conquista.
A mesma vida que agora se lamenta do tempo perdido,
Das coisas que não se fez e que se podia ter feito.
Eram os instantes insaciáveis do tempo que se vivia
E que se esfumou no próprio tempo.
Da juventude vivida aquém, apenas poderei dizer,
Sem mágoas, mas com saudades,
Adeus amiga!...
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